7.10.08

Carta.

Eu preciso escrever pra você. Sobre o mundo, sobre mim.
Queria escrever pra você e me entender.
As coisas têm acontecido depressa demais, não consigo acompanhá-las e analisá-las ao mesmo tempo.
O tempo se reduz ao necessário, às vezes nem isso. Eu estudo, eu trabalho, eu me irrito; e isso consome todo tempo dos meus dias. E geralmente tudo me irrita. As pessoas me irritam. E como irritam, mesmo sem se esforçarem pra isso. Além delas, o trânsito, o trabalho, as conversas, o calor, o mau-gosto... tudo me irrita, inclusive eu mesma e a maneira como eu ajo diante das situações.
Como eu me decepciono comigo! Na maioria das vezes, com as coisas que eu não fiz, não falei, não quis. Nada daquela hipócrita frase: “só me arrependo do que não fiz”. Muito pelo contrário. Me arrependo de muitas coisas que faço, de muitas coisas que penso. Mas a verdade é que deixo de fazer muitas coisas e é exatamente esse pensar e não fazer que me irrita. Na maioria das vezes não faço, não falo, me calo e brigo com isso, comigo. Quem vê nem percebe, acha que não tenho nada a dizer. Mas eu tenho e são muitas coisas, interessantes, sabe? Mas poucas são as pessoas que sabem disso.
Às vezes sinto que não pertenço a esse mundo, que caí aqui por acaso. Acho que é por isso que nem sempre me encaixo. Esse mundo não me pertence, sinto como se tivesse invadindo ele.
Precisava escrever pra você, seja você quem for, mesmo que não seja ninguém.

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