23.7.13

Re(encanto)

Fiquei sem rumo. Morri. Não há mais o que dizer. Eu morri, teve velório, vela e muito choro. Aqui, porém, renasço. Começo do zero em um mundo que não existe você. É difícil, pois a memória ainda persiste. As lembranças são fortes, são vivas e tão intensas ainda. Como aquelas pessoas que perdem uma perna, mas continuam sentindo dor, cócegas... Você é meu membro fantasma, meu coração.

É aqui que busco novos significados. Com você tudo era mágico, tudo tinha um porquê, era um desatino só, o coração flutuava. Perdi isso quando a gente disse adeus um ao outro. Aquele adeus até o dia seguinte, o momento seguinte, o futuro ali na frente. O adeus de mentirinha que matou a gente. Eu travei. Que boba. Agora sei que a vida não tem graça sem esse encanto todo, encanto que eu, até então, só me atrevia a usar com você. Agora, me liberto, amor. Renovo meus votos com a vida, me abro pra pureza dos sentimentos. Livro, enfim, meu coração.

PS: Hora dessas, paro de usar a primeira pessoa do plural. É uma promessa pra mim mesma. Eu preciso parar.

9.7.13

Calor.

Laguna Cejar - Deserto do Atacama

Eu tenho uma ânsia por vida, de vez em quando, que me inquieta tanto a ponto de dar calor. Estou assim sossegada, até que algo me atiça, seja uma fotografia, uma história, ou uma conversa sobre os desejos. Eu fico com calor. Minha pressão aumenta, meu sangue viaja mais rápido pelas veias e artérias, minhas partículas se agitam. É uma reação física.

Foi assim quando eu li os relatos de Beto Ambrosio, para fazer uma matéria. O cara tem todo o despreendimento do mundo e ao mesmo tempo é completamente apegado a tudo. Tão envolvido com a vida que resolveu largar o conforto do lar por dois anos e meio e foi, de bicicleta, viajar pela América Latina, registrando cada imagem desse universo lindo. As fotografias me fervem o sangue, fazem cócegas no pé e a vontade é de correr.

Hoje a tarde, foi um documentário sobre Chico Buarque. Aquelas letras, aquelas melodias, harmonias. A sensação é de que ainda tenho tanto para produzir. É a de que preciso fazer tanto ainda. Tenho que emocionar alguém, tenho que escrever, tenho que dançar, tenho que tocar... preciso fazer parte do mundo, ser um pedaço dele e me encontrar no sentimento dos outros, pra sentir que não sou tão só.
É assim que vou queimando por dentro. As coisas que me emocionam são como lenha na fogueira que carrego dentro do peito. Que bom que elas existem e me servem de combustível. Peço vento pra refrescar e levar meu barco à vela por aí.