15.12.09

O extraordinário amor banal.

www.flickr.com/photos/fdp2


Era só você olhar melhor, observar.
Era só admirar.
Eu queria você, de todas as formas possíveis. Das mais bonitas maneiras.
Você não percebeu.
Talvez eu não tenha sido tão clara.
Ou talvez tenha sido óbvia demais.
O amor era tão presente que se tornou banal?

Que injusto a rotina fazer isso com as coisas que mereciam ser sempre extraordinárias.
Que errado a gente esquecer de apreciar o cotidiano, as coisas sutis.
É lá que está os mais bonitos detalhes, toda a verdade.
Basta observar com mais cuidado.
Basta olhar, amor.
Olhar como quem quer realmente ver.

7.12.09

Faxina.

Tudo que já fui está guardado nas minhas gavetas.





Preciso fazer uma faxina!

22.11.09

Suicídio.

Foto: www.flickr.com/photos/vanessacaetano

Ela não tem controle de seu corpo quando ele está por perto.
É um súbito de sensações incontroláveis.
De medo.
De vontade.

Ela se sente dançando leve, quase flutuando.
Mas isso no pico de uma montanha.

É olhar pra baixo e ver as pedras caindo, virando pó.
No entanto a música é boa, o ritmo leva o corpo.
Mesmo no perigo ela não para de dançar.
É quase suicídio.
Mas ainda assim é tão bom.

19.11.09

Omitir.

Ninguém me disse que seria tão difícil viver.
Na minha inocência, achei que bastava respirar e perceber o quanto isso é valioso.

Ninguém me disse que o mundo seria maldoso comigo.
Logo eu que depositava toda minha esperança nele.

10.11.09

Rostos.

www.flickr.com/photos/guifreitag



Olho pras pessoas e só vejo rostos.
Nada de expectativas, sonhos, idéias, defeitos...
São só rostos. Olhos, boca, nariz, cabelo...
Apenas isso.

Mas o estranho mesmo é pensar que também sou apenas isso para elas.
Logo eu, que sou parte essencial de tudo que me existe.

3.11.09

Depressa.




Andei para ver o que tinha depois.
Andei, mas andei tanto, que passei de lá.
E nem percebi o que me rodeava pelo caminho.

7.10.09

Sono.

Sono saciado é privilégio que não tenho.
Bons eram os tempos que ficava cansada de tanto dormir.

24.9.09

Geração preguiça.

"A minha TV tá louca,
me mandou calar a boca
e não tirar a bunda do sofá"

Xanéu nº5 - O Teatro Mágico

Não sou a pessoa mais motivada do mundo.
Aliás, nem chego perto disso.
Tenho muitas idéias, boas idéias.
Mas o esforço de fazê-las sair da minha mente para se tornarem reais me desestimula bastante.
Eu sei, é completamente absurdo dizer isso, mas confesso: sou preguiçosa.
Tanto, a ponto de desistir das coisas.

Sem querer me livrar da culpa, mas não creio que devo carregar a responsabilidade sozinha.
Não é particularidade minha ser assim.
É característica da sociedade.
Minha geração é a geração da preguiça, da dormência, do comodismo.
Tudo me leva a ficar quieta, parada.
Eu tenho o direito de pensar. No entanto, sou convencida de que não vale à pena, de que está bom como está e que arriscar às vezes é muito arriscado.

Quando penso em me aventurar, ou melhor, quando decido de vez expor minha vida ao risco, perco a vontade em 10 minutos. Em dias e meses, no mais tardar.
É a cara de desânimo das pessoas que convivo. É a mídia me enchendo de informações supérfluas, me fazendo acreditar que são realmente importantes. É a dispersão. Enfim... tudo me desmotiva.
E a certeza mais exata que tinha há pouco... se esvai.

No fundo, acho que somos vítimas. Mas eles nos fazem acreditar que é tudo culpa nossa.
Mas tudo bem. É só deitar no sofá e ligar a TV.
O sofá é confortável e, além do mais, posso escolher qualquer coisa para assistir nos mais de 100 canais da minha TV à cabo.

22.9.09

Disseram por aí.

Ouço coisas quando ando por aí.
E não digo vozes do além. São reais (por mais absurdas que as vezes sejam).
São comentários, pedaços de conversas, observações, futilidades... coisas de todos os tipos.
Algumas me chamam atenção, por isso vou postar aqui falas que me pareçam interessantes.



Hoje, por exemplo, ouvi o seguinte trecho:

"Deveria ter feito veterinária"

Nada demais, se a frase não tivessse sido dita no banheiro feminino ao lado da redação do Correio Braziliense.

Bom saber que outras pessoas estão tão incertas quanto eu.

15.9.09

Pela janela do quarto.

Foto: Jéssica Raphaela


Quando nos mudamos para o Vicente Pires, todos estavam bem satisfeitos com o que viam pela janela de seus quartos. Menos eu.
Eles riam e falavam que tive azar, já que minha vista era para o muro do beco.

Hoje gosto de que vejo. Só eu sei o que há de especial nessa moldura.

Ás vezes vejo a Lua daqui. Os outros quartos não possuem esse privilégio. Quando ela aparece, abro a persiana, apago as lâmpadas e deixo a luz dela iluminar tudo. É diferente. Suave.
Só tiraria os cacos de vidro que a vizinha colocou no muro. (Não entendo para que dividir as coisas com tanta agressão).
No mais, estou satisfeita.
Quando se observa bem, há algo de bonito no comum.

4.9.09

Partida.

Ele foi embora e ela ficou lá, sozinha e imóvel, por uns dez minutos.
O carro dele já ia longe quando ela pensou que tudo que acabara de se passar poderia não ter sido verdade.

Não havia Lua no céu.
Só havia um céu escuro pintado de tristeza.
Antes que tudo aquilo chovesse em cima dela, resolveu entrar.
Do lado de dentro, o frio continua.
Mas ao menos ela não iria se molhar.

Nascendo mais uma vez.

Mais um sobrinho pra minha coleção.
E bem na hora que pensei: "meu irmão bem que podia ter um outro filho".
E num é que vai ter!

Sorte a minha, que posso ensinar tudo que acho interessante pro meu afilhado, de dois anos, e posso me desmanchar de novo com os primeiro sorrisos do futuro bebê.

Se tem uma coisa que me encanta é raciocínio de criança sendo formado.
Eles pensam sem deixar que as pessoas interfiram nisso,
têm um raciocínio lógico que faz mais sentido que o nosso,
ficam horas concentrados em coisas que nos parecem bobas,
e aprendem de uma forma surpreendentemente rápida.

Eu mesma aprendo demais com meu afilhado.
Ou reaprendo.
Não importa.
O que importa é que gente nova vem por aí e quero aproveitar o máximo que der pra nascer de novo.
Nascer não é uma coisa que se faça mais de uma vez na vida.
Mas enquanto vou vivendo, renasço com quem nasce perto de mim.

É um bom exercício aprender tudo de novo.

1.9.09

Retorno.

Uma notícia boa me motiva a escrever aqui. É que quando a mesmice é quebrada, a gente pensa. E pensar é um exercício bem mais complicado e simples do que parece, se é que você me entende. A questão é a novidade ainda precisa ser confirmada. Espalhar fatos pela internet sem ter as informações necessárias é no mínimo arriscado. Tenho aprendido isso nos 2 anos e meio de faculdade de jornalismo (mesmo que muitos não achem esse tempo de estudo necessário). Volto a escrever, em breve, para contar o que há de novo, o que há de velho e qualquer coisa que mereça um texto aqui.

29.4.09

100

100º postagem.
E não estou nada satisfeita com a frequencia de textos neste blog.
Estranho, por que as idéias borbulham minha cabeça.
Penso, imagino, mas quando sento em frente ao computador elas fogem,
as palavras não se formam,
as frases não fazem sentido,
simplismente.
Talvez as idéias prefiram ficar quietas na minha cabeça.
Talvez não queiram se mutiplicar em outras cabeças.
Idéias bobas,
não sabem como é bom estarem livres para serem pensadas por quem quiser pensá-las.
Dois anos de blog e 100 postagens.
Tenho que melhorar isso!

6.4.09

Motivos.

Por impulso
pulso.
Por pensar
penso.
Sem querer
quero.
Porque há vida
vivo.
Por necessidade
respiro.
Por amar
amo.
Por insanidade
pulo.
Por burrice
caio.
Por vontade
levanto.
Por certeza
erro.
Por ter medo
perco.
Por perder
desisto.
Por saber
enfrento.
Por gostar
resisto.
Por pressão
pulso.
Por impulso
arrisco.

3.4.09

Pôr do Sol

O pôr do Sol é bonito visto daqui de casa.
O Céu fica dourado, rosa, roxo e então tudo escurece.
É uma obra de arte,
um filme, uma música.
É gostoso ver.
Concentração.
Admirição.
Causa um dilúvio de sentimentos de dentro pra fora,
de fora pra dentro.
Uma vontade de ir embora com o Sol,
de ver esse milagre por outro ângulo,
do ponto de vista dele.
Pra saber se a sensação é a mesma
ou se tudo se converte.
O pôr do Sol é mais que bonito.
Ele é vida, embora represente o fim.
Eu gostaria de me pôr todo entardecer
e nascer de mim de novo,
sempre nova,
sempre outra.

1.4.09

Os outros que sou.

Queria viver outras vidas,
protagonizar outras histórias,
pra voltar a mim e poder me ser por inteiro.
É no outro que a gente se conhece.
Quando aprovamos e desaprovamos atitudes alheias, definimos o que faríamos ou não.
Eu sou assim.
Por mais que me considere só, é no outro que moldo.
Mas sou um molde maleável
de massinha colorida.
De um dia pro outro, muitas pessoas me são,
muitas vidas me vivem.

9.2.09

Os olhos.


Abri os olhos e vi os dele, concentrados nos meus, esperando ansioso que sono estivesse satisfeito.
Dois olhos parecidos com os meus. Grandes, coloridos, curiosos.
Querendo saber sobre a vida, sobre o mundo.
Querendo ver coisas novas, num momento em que tudo é novo.
Para mim, nova era aquela felicidade.
Ter o prazer de apresentar a ele coisas lindas, sensações boas, sons gostosos de ouvir.
Poder brincar até não aguentar mais e perceber o quão velha estou por não aguentar muito tempo, o decepcionando pelo cansaço. Tendo que explicar para ele, quando me puxa pela mão, que não tenho a mesma energia, porque ele não usou muito o corpo ainda e eu tenho quase vinte anos de uso.
Ele, que mesmo tão pequeno causa uma das maiores alegrias que já senti.
Quando eu sorrio e o riso vem de volta. Quando o pedido de um beijo é realizado e quando mesmo sem pedido o beijo estala na bochecha. Quando vê uma foto e acha incrível que a mesma pessoa exista duas vezes.
E nem foi de mim que ele saiu.
Saiu do amor entre meu irmão e a irmã do amigo de infância.
Uma teia de sentimentos bons o gerou.
E ele gerou uma linha enorme de sensações gostosas que com as milhões de preocupações eu tinha deixado de sentir.
Ele gerou um amor maior do que eu pensava ser capaz de existir.
Ele me gerou de novo. Me gera todo dia. Com aqueles olhos enormes e com uma vontade maior ainda que eu acorde para viver com ele.

O cacto.

Ele: Nós somos muito irresponsáveis!
Eu: É. Não se cuida de uma amizade desse jeito.
Ele: É porque ela é que nem um cacto; não precisa de muita água para viver. Se fosse outra amizade, não duraria nada.

11.1.09

Auto(des)conhecimento.

Com os outros distantes, me percebo melhor.
A casa está vazia. Na verdade, vazia não, pois estou dentro dela. Aliás, eu e os milhões de pensamentos que nunca foram tão audíveis.
Não tendo a quem enxergar, me enxergo com mais afinco. Me vejo de perto. Me ouço nitidamente.
Ouço meu pensamento, meus medos.
Percebo quanto de mim não existia antes. Meus preconceitos, os quais nunca imaginei que tivesse, se revelam.
Me recuso a descobrir meus erros. Mas no final os admito. Admito minha falha, sinto-me melhor assim. Assumo e busco não errar mais.
Mexo no quarto, mudo as coisas de lugar; aprovo, desaprovo, mudo as coisas de lugar. Exatamente como na minha cabeça. Mapeio sentimentos, mexo, troco, mudo, volto. Não sou mais. Não me conheço mais.
Estou a nove dias sozinha.
Há nove dias comigo mesma, conversando comigo, brigando comigo, rindo do espelho, chorando pro espelho.
Nunca fui tão minha. E nunca me desconheci tanto.

6.1.09

Fim do dia.

Foi uma noite de silêncio.
E mesmo sem nenhuma palavra todas as verdades foram ditas.
Mesmo as mais cruéis.
As mais duras e secas.
A realidade é que ela fez escolhas que não eram necessárias.
Ela escolheu ficar com ele sem ninguém ao redor.
O mundo se fechou para ela e junto, inúmeras declarações de amor, inúmeros sentimentos de amizade, de cumplicidade.
Sentimentos esses que eram, talvez, os mais puros, os mais fiéis.
Ninguém nunca entendeu o que aconteceu naquela noite.
Mas a verdade gritava para ser ouvida.
Antes se ela a tivesse pronunciado.
Ao menos não pareceria a morte de algo sem importância.
Teria um fim digno de algo que foi, durante muito tempo, maravilhoso.
....
O sol se pôs, e eu nem pude ver.
Para mim, ainda era uma bela manhã.

O tamanho das coisas.

A casa está grande demais.
Você deveria estar aqui para preenchê-la.
Quando está por perto nada parece ser maior que o normal.
Mas assim, longe de você, o mundo fica enorme e um pouco assustador.
A solidão fica gigante.
Só não ultrapassa a saudade.
Essa é a que mais assusta.