29.6.07

Dias nada bons.

Tem dias que vc acorda achando que tudo está bem, mas quando você retoma sua completa consciência percebe que nada está como devia estar. As roupas estão jogadas no chão, o quarto está frio e a casa em silêncio. Ai você lembra que foi durmir com uma angústia e acabou tendo um sonho esquisito, portanto a angústia continua. Lava o rosto e pensa ''porque mesmo eu levantei?''. Tira força de um pão mucho com café com leite e inaugura o dia.
Dias assim tem 80% de chance de não ser um bom dia. Mas como cada momento é precioso e você não quer se render ao vazio desse dia, você se esforça pra dar sorrisos fingindo que está tudo bem até realmente se convencer disso. Talvez o dia melhore, talvez não.
É meu amigo, nem todos os dias têm que ser bons.

19.6.07

Deixe estar.

-Quando foi mesmo a última vez que você disse que me ama?

-Por que essa pergunta? Você nunca respondia quando eu dizia que te amava.

-Amava? Então quer dizer que não ama mais?

-Não foi isso que eu quis dizer. Só quis dizer que quando eu dizia...

-Você não respondeu, não me ama mais?

-Não sei mais se o que eu sinto por você é questão de amor.

-E é questão de que se não for de amor?

-O que você sente por mim mesmo?

-Não tente virar a mesa, estamos falando do que você sente por mim.

-Não tô tentando virar a mesa, é só que depois de me cansar de amar você, eu resolvi sentir por você o que você sente por mim e só, nada mais.

-Então o que você sente por mim?

-Me diz você, por que eu não faço a mínima idéia. Você nunca me disse o que você sente por mim durante todo esse tempo que a gente tem essa relação indefinida.

-Como assim relação indefinida?

-Uai, indefinida. A gente é mais que amigo, menos que namorado. Eu, particularmente, não faço idéia de qual é o nome dessa nossa relação.

-Então vamos criar um nome pra ela.

-Lá vem você com essa mania de inventar coisas.

-E lá vem você com essa mania de levar tudo tão a sério.

-Olha cara, essa conversa tá chata, vamos deixar nosso relacionamento indefinido como está, que tá bom.

-Também acho, então vem aqui e me dá logo um beijo, mulhé!

O maior gostar de todo.

Antes de tudo ela gosta de gostar.
Gosta do gosto do chocolate e de sentir ele derretendo na sua boca.
Gosta do vento bagunçando seu cabelo e da velocidade, embora tenha um medinho dela.
Gosta de observar as pessoas e imaginar o que elas pensam.
Gosta de pensar que nunca está sozinha pois a Lua sempre tá lá em cima lhe fazendo companhia.
Gosta de se sentir bem mesmo quando o dia não foi bom.
Gosta de pensar que é bonita embora muitas vezes discorde de si própria.
Gosta de abraços, mas daqueles bem apertados e verdadeiros, porque dos abraços frouxos ela não gosta não.
Gosta de dar estrelinhas e depois ver vagalumes voando ao redor dela.
Gosta de cheiros, mas tem um cheiro em especial que faz o gostar dela perder o juízo, é o cheiro dele, é um cheiro que faz o coração dela disparar e que causa uma calma daquelas de verão. É um cheiro que ela nunca esquece, mas que sempre parece novo. É o cheiro dele, é o cheiro de uma amor tão verdadeiro que as vezes parece irreal.

18.6.07

Depois de um ano e sete meses.

Depois de um ano e sete meses as coisas são bem diferentes. Eu olho pra ele e ele entende. Eu toco nele e ele entende. Eu fico sorrindo pra ele e ele entende.
No começo era bom, era tudo novo e tinha aquela sensação de aventura. Mas depois de um ano e oito meses é tão melhor, a gente se olha e vê mais do que é visível a qualquer um, a gente vê história , vê futuro.
É uma paz, uma segurança. A coisa é mais séria. Um faz parte do outro. Um vira parte do outro.
É difícil ver graça na vida que eu levava antes dele. E hoje é impossível pensar no futuro sem ele.
1 ano e 7 meses,
pra sempre.

14.6.07

O lado de lá?

Nunca mais ele havia visto os olhos dela olhando pra ele. Há algum tempo que ela só desviava o olhar. Quando conversavam ela costumava olhar pro chão, pro lado, pro nada, mas nunca pra ele. Isso o deixava tão preocupado, mas nunca perguntava pra ela o porque disso por medo de dar brecha pra ela dizer o motivo e acabar com tudo que eles haviam vivido até então.
Egoísmo? Que seja, ele a amava e achava que ela deveria amá-lo pra sempre. Pensava que isso era fase, que já ia passar, coisa boba de mulher, devia ser tpm, sei lá. Mas tpm de meses? Ele tentava e tentava fingir que estava tudo bem, mas não estava. O sorriso dela não era mais o mesmo, era falso, fingido, forçado. O entusiasmo também já havia mudado...
De repente, a agenda dela. Ela tinha esquecido na casa dele. Talvez se ele desse uma foleada encontrasse algo sobre o que ela estava sentindo. E foleou, encontrou. Tinha um texto: "Ele me enoja, não suporto mais olhar pra ele. Não aguento mais a cara dele de 'me perdoe, mas ela era linda'. Traição! Tá aih uma coisa que não aguentei. Já aceitei o maxismo dele e aprendi a lidar com o aquele egoísmo ridículo, mas traição, essa não desce pela garganta. Agora ele só me embrulha o estômago e ter que beijá-lo então... Aquele egoísta! Finge que não percebe o meu despreso, finge que não percebe o quanto eu fujo dele. Não quero mais isso, não sei quanto hipocrisía mais eu aguento." Foi como um tapa na cara. Se bem que um tapa seria até menos vergonhoso. Pensava porque ela ainda o odiava por isso, ele tinha pedido desculpas, mandado flores, se justificou que estava bêbado e fora de si, porque ela não o tinha perdoado? Não entedia o lado dela.
Não era tpm. Não passaria tão cedo. Talvez devesse conversar com ela, mas estava com o orgulho muito ferido pra isso. Resolveu deixá-la ir. Não suportaria ficar perto dela sabendo do nojo que ela sentia. Disse adeus e só.

6.6.07

50% meu pra cada um deles.


Eu não sou a filha que minha mãe queria que eu fosse. Na verdade, acho que nem chego perto disso. Até hoje eu não consegui ser a pessoa que eu queria ser, quanto mais a filha que ela queria pra ela.

Eu nem sei direito quem minha mãe queira que eu fosse. E procuro nem pensar nisso, porque tenho a leve impressão que a filha querida que eu seria pra ela é o oposto da pessoa que eu quero ser. Tem coisas que a gente concorda, mas tem muitas coisas, e coisas importantes, que a gente discorda e nenhuma abre mão de opniões pra agradar a outra, definitivamente não.

Mas, apesar de sermos tão diferentes assim, tem coisas em mim que são cópias da minha mãe. Desde pequena eu nunca quis ser igual a minha mãe, não por não gostar dela, eu a amo, mas tem atitudes e opiniões dela que me irritam e eu tento me afastar o máximo das possíveis semelhanças que possamos ter. Mas o inevitável acontece. Quem me olha, já vê que sou filha dela.

Eu sempre quis parecer com meu pai, pensar como meu pai, ter a calma e os olhos do meu pai. E em muitas coisas eu me pareço com ele.

Na verdade, eu acho que tenho mais dos meus pais do que eu imagino. Querendo ou não, é assim.