30.9.14

Sobre o olhar

No segundo dia de viagem, já sentia as dores da andança do primeiro dia. Foi assim sucessivamente até fincar os pés de volta na desértica Brasília. Nova York é feita pra andar. Desapeguei da preguiça e ignorei (ou tentei ignorar) as dores nas costas, me joguei nas ruas e avenidas de Manhattan e arredores.

Acabei descobrindo que Nova York também é feita para ser vista, e sentida. Eu senti. Cada pedaço da cidade ficou registrado na memória. Os mais bonitos, na máquina fotográfica. Sendo assim, lá vai meu ponto de vista. Foi difícil me apaixonar pouco por esses lugares.

Vista do High Line. Crédito: Jéssica Raphaela

Fulton Street. Crédito: Jéssica Raphaela

À beira do East River. Crédito: Jéssica Raphaela

Prédio no Wall Street. Crédito: Jéssica Raphaela

Selfie - Wall Street. Crédito: Jéssica Raphaela

Miss Liberty. Crédito: Jéssica Raphaela

Manhattan à noite. Crédito: Jéssica Raphaela

Na Catedral de São Patrício. Crédito: Jéssica Raphaela

Wall Street. Crédito: Jéssica Raphaela


Nalgum lugar qualquer. Crédito: Jéssica Raphaela


Lagoa no Central Park. Crédito: Jéssica Raphaela

Vista do Empire State Building no pôr do Sol. Crédito: Jéssica Raphaela

Manhattan vista da Roosevelt Island. Crédito: Jéssica Raphaela


Ruínas na Roosevelt Island. Crédito: Jéssica Raphaela
  
Queensboro Bridge. Crédito: Jéssica Raphaela

Four Freedoms Park - Roosevelt Island

As janelas. Crédito: Hans Eliason

Manhattan vista do Brooklyn. Crédito: Jéssica Raphaela

Brooklyn Bridge Park. Crédito: Jéssica Raphaela

Sobre os caminhos. Crédito: Jéssica Raphaela
  
Engavetamento no Chelsea. Crédito: Jéssica Raphaela



29.9.14

Na companhia do mundo.



Toda vez que alguém me questiona sobre a razão de eu ter decidido viver certas coisas, eu travo. Não que eu paralise ou algo do tipo. Simplesmente começo a pensar no por quê, e o resultado é sempre o mesmo: não consigo acessar o exato momento em que tomei a decisão.

Foi assim com Nova York. Claro que os motivos são óbvios quando se pensa nessa cidade. Mas não lembro bem o estalo que me fez organizar uma viagem sozinha para o umbigo do mundo. Logo eu que nunca havia tirado o pé do solo brasileiro e que tinha sérias dúvidas sobre o meu inglês nunca antes praticado. Um surto de coragem me fez tomar as rédeas da vida e assim eu fui.

Lembro de ter comprado as passagens e, de repente, estar no meio daquelas ruas cheias de prédios de tijolinhos, no meio de um filme que eu mesma escrevi, produzi e protagonizei. Perdi a conta das vezes que ouvi a palavra 'corajosa' (e em quantos idiomas) , mas em todas elas eu só pensava sobre a minha insegurança e respondia "geralmente não sou uma pessoa corajosa". Meu personagem era assim, não costumava acreditar muito em si, e por isso sempre se surpreendia com os próprios feitos.

O roteiro do filme foi arrojado. Nada de explosões, terror, catástrofes. Estava mais para um texto a la Woody Allen. Uma comédia cotidiana, mas cheia de fatos inusitados, tudo no meio de um romance apaixonante e improvável.

O cenário foi perfeito. Eu andava pelas ruas e só faltava o cinegrafista para pescar uma cena. Tudo era muito encantado e lá eu percebi que nem era preciso tanta coragem como todos achavam. O segredo não era encarar Nova York, era encarar a mim mesma. Eu estava sozinha em Nova York, mas não solitária. Tenho que confessar: nunca fui tão completa antes.