22.11.12

Caos.

- Você está trazendo o caos para a sua vida
Assim diz a voz que me convida ao desconhecido. Saio de um nível razoável para o zero num surto de coragem. Salto no escuro. O coração treme. O estômago gela.

A vida vem com essa mania de vomitar na minha cara oportunidades incomuns. Deus fica entediado em sua enorme existência se me vê quieta e satisfeita, levando a vida como quem navega em um barco seguro por um mar calmo. De repente, aparece um barco a vela e me convida: "vem?". O vento começa a soprar mais forte, gera ondas, balança o mar. Parece excitante pegar a carona inesperada. Mas o seguro mesmo seria continuar no meu barco.

Pulo no mar, sem garantia de barco, sem remo. Pulo na vida. Não sei nadar e acho que me afogarei, sempre acho. Mas também sempre espero que sobreviva e que, com isso, me torne mais forte.

- O segredo é não tentar organizar o caos.

19.11.12

A data.

Fico brava por você desaparecer da minha vida nos momentos que mais preciso, mas tenho que te agradecer por ontem. Era uma data que noutros momentos seria comemorada. Neste ano, só restaria melancolia. Talvez se tivesse ficado sozinha, a tristeza iria me encontrar facilmente. Mas você a espantou.

Obrigada, amigo. (:

9.11.12

Beijos neste teu belo coração.

Meu coração é seu também.
Um pedaço dele está por aí, num canto dessa cidade que eu desconheço.

Que eu possa juntar os pedaços um dia.

7.11.12

6.11.12

O parque. A saudade.

Foto: Jéssica Raphaela

Na memória de um dia bom, o que guardo é saudade. A grama voltava a ser verde, fomos passear no parque. Choveu dias antes e as árvores secas já não estavam com tanta sede. Nós não estávamos com tanta sede. Sem dar as mãos, caminhamos juntos. Eu sorri. Te abracei. Fui sua cúmplice, sua metade. Fomos parte de um dia claro, com céu azul e um lago espelhado. Sinto saudade desse dia bom. Espero que ele dure para sempre, mesmo que somente na memória.

A esquizofrenia do medo.

Às vezes é medo que você tem. Não é respeito, ou raiva, ou inveja. O que você tem é, simplesmente, temor. Na bagunça de sentimentos que a pessoa te causa, a que prevalece é a mais grave. O medo trava, paralisa.

Entretanto, dele nasce uma sensação paradoxal. Cria-se uma cumplicidade da qual não se tira explicação lógica. Você confia. Usa a pessoa que teme como amparo. Das situações complexas e doentias que os relacionamentos humanos podem causar, essa é uma das que mais me impressiona.

1.11.12

Mensagem?

Você está entre a consciência e o sonho quando, no escuro, passa a mão na cabeceira da cama e agarra o celular. Escreve o que acordado não teria coragem. Aperta o botão e envia. O último pensamento antes de dormir é um pedido que não haja resposta.

No outro dia, lá no meio dos afazeres, se lembra, sem a certeza de que a mensagem tenha sido real. Pega o aparelho torcendo para que tenha sido sonho. Não foi. Mas tudo bem, também não houve resposta. Simplesmente apagou o texto da caixa de saída. Era como se nunca o tivesse escrito.