27.9.12

Setembro generoso.

Setembro foi um mês generoso. Tão generoso quanto aquela tia que insiste que vocês aceite todos os quitutes existentes na casa, mesmo que você diga que não os quer de tão empanturrado que está. Setembro foi um excesso. Sem falar que foi um susto, um súbito, um “uau! Tudo isso é para mim?”. Vivi setembro como quem vive três meses de uma vez só. Tudo foi triplicado: o tempo ocupado, a saudade da família, o trabalho frenético, a falta do sono, a intensidade dos bons momentos, o carinho no serviço...

Levantei às 7 horas e deitei à 00h, praticamente todos os dias. No meio disso, um turbilhão de acontecimentos. Sono, muito sono! Na hora livre, das 14h às 15h, dormi embaixo de uma árvore, tirei fotos dos carros passando, toquei violão, dormi dentro do carro, rezei por chuva, ouvi os pássaros, dormi com a cabeça apoiada na mesa, ouvi o som do vento, sonhei com minha mãe...

Nesse mês me superei. Fiz mais do que achei que seria capaz. Me senti extremamente cansada nos minutos vagos, mas também me senti feliz. Meu corpo é que precisa sair do sedentarismo para enfrentar um ritmo desses. O tempo livre nunca foi tão valorizado. Jamais senti tanto prazer em colocar um chinelo nos pés, deitar na grama e fechar os olhos.

Achei linda a generosidade da vida, a bondade de Deus, que me ouviu todos os dias, durante o percurso zumbi cama-banheiro, pedir: “dá-me ânimo”. Ele me deu. Termino esse setembro farto farta, e extremamente feliz. Espero um outubro mais leve, mas não menos generoso do que o mês que passou.




18.9.12

Contraluz.



Na contraluz, só se vê a silhueta. Gosto da imagem. Fotografo bem com os olhos o que me parece bonito no mundo. Mas a imagem de alguém caminhando contra a luz me deixa a dúvida. O caminhar vem ou vai? Nos passos do indivíduo, há apenas o movimento. Pernas se cruzam, braços balançam, mas a direção é incerta. Sem rosto é difícil saber qual a frente, qual atrás. Vindo, indo? Não se sabe. Aí está a graça, o mistério. E a mente sempre aposta consigo mesma para descobrir a resposta.

Há pessoas que caminham assim na nossa vida, na contraluz. A gente não sabe se ela anda na nossa direção, ou se vai no sentido oposto. Se aproxima? Se afasta? Está perto? Está longe? Não há como deduzir, até que, num momento mágico, a certeza surge. Fica óbvio quando percebemos que o tamanho da pessoa se torna evidente. Maior do que antes, perto. Menor, longe. E aí nem precisamos especificar se o tamanho é físico ou se é sentimental, já que na maior parte do tempo eles são diretamente proporcionais. O problema é que pode ser tarde demais. É muita ilusão de óptica e, com ela, muita expectativa no olhar.

Não sei bem se há graça neste caso. Achamos que a pessoa está vindo, quando, na verdade, já se foi. Mas, assim como na contraluz, a mente brinca e faz suas apostas. O coração, que é bobo, cede ao jogo de azar. É uma pena que quase sempre perde.

6.9.12

Faça o que tem que fazer. O que gosta de fazer. O que quer fazer.
Daqui, eu vou torcer pra que esses verbos nunca entrem em conflito.