10.11.14

Dias nublados.

O repetido começa mais uma vez. Manhã de segunda-feira, 8 horas o despertador toca. Enrola na cama por mais de uma hora até que as obrigações a fazem levantar. Colocar o pé no chão é como assumir que faz parte do ciclo, é se render.

O dia amanheceu escuro dessa vez. Chuva, um som gostoso vindo da janela e uma memória deliciosa vindo do passado. Passado presente, passado que quer ser futuro ainda, que quer ser o agora e o sempre.

Era outro tempo e outro lugar. Um tempo de liberdade. O coração estava solto e leve no lugar que, embora desconhecido, era familiar. A luz deixava o dia com um filtro alaranjado, dia nublado e chuvoso. O som era o mesmo de hoje, o céu era o mesmo, a sensação, igual. Abandonou o ciclo, puxou a coberta e se encaixou no corpo alheio, como uma peça de quebra cabeça, achou seu lugar.

E hoje, neste dia chuvoso, repete o ciclo para que os dias passem. Só assim ela volta para o lugar que é dela e em breve o repetido vai parar de se refazer a cada nova manhã.