20.4.10

Retrovisor.

Jéssica Raphaela

Há pouco me achava forte para certas coisas.
As experiências (não que sejam tantas) e os escorregões que levei por aí  me fizeram acreditar que nunca mais cairia de novo.
Mas sempre caio. Da forma mais patética possível.
Olho pelo retrovisor e debocho de mim mesma.
Depois retorno pelo mesmo caminho tortuoso.

Agora me vejo sem controle.
Um carro desgovernado prestes a cair no abismo.
É culpa dessa velocidade toda.
O frio na barriga.
O mundo passando rápido.
Já me disseram que o perigo é viciante.
Acho que dessa vez me apeguei a ele.
Logo eu, que morro de medo de vícios!

14.4.10

Manhã.


Jéssica Raphaela

Acordei um tanto mais tarde do que quando tenho aula e um tanto mais cedo do que quando fico em casa de bobeira.
Mal retornei à consciência e um monte de pensamentos veio a mente.
Obrigações, coisas que eu tinha que resolver logo.
Comi um pão e tomei café com leite, sozinha, como de costume.
Fui para o computador e logo fiz tudo que tinha que fazer.
Ouvi a música Her morning elegance, de Oren Lavie, que uma amiga me passou.
Senti felicidade por estar onde eu estava.
Baixei o cd inteiro, The Opposite Side of the Sea. Queria saborear mais aquela sensação.
É uma tristeza que te faz sorrir. Uma sensação estranhamente boa.
Resolvi que faria meu almoço ao som de Oren.
Nada de miojo ou restaurantes perto do jornal onde trabalho.
Fiz um arroz cheio de coisas dentro. Foi legal cozinhar. Pena que o tempero ficou fraco.
Vou tomar um banho, daqueles que lavam a alma, daqueles que te fazem dançar de baixo d'água.
Por que hoje eu estou bem. Acho que mereço me sentir.
Essa manhã valeu mais do que todos esses dias que passaram.
Me esqueço o quanto é bom me fazer companhia, assim por prazer.
Geralmente me sinto obrigada a estar comigo mesma.
 
Que leveza! Se bater um vento é capaz de eu sair flutuando por aí.



4.4.10

Mundo cheio de nada.

Dias e dias, me sinto cansada.
Me vejo andando em uma via paralela à que eu queria estar.
Uma hora elas se afastam e não terei mais como ir ao meu destino.

Tento me organizar: anoto desejos, agendo compromissos.
Mas isso me foge.
Passa uma semana, e os desejos continuam sendo apenas desejos.
Passa outra, perdi os compromissos.
É muita gente, muitas obrigações, muita pressão.
Do outro lado, estou eu, me cobrando felicidade, realização; estou eu me decepcionando.

Dias e dias, e muito cansaço.
Que mundo enorme esse, que de tão grande não me deixa encontrar meu canto.