30.11.07

Ele, Ela e a Multidão.

Tinha uma multidão naquele lugar, era muita gente pra ver o show: Cordel do Fogo Encantado. Um show bem agitado e bastante barulhento.
Ela gostava muito da banda, achava tão legal aquele sutaque nordestino e aquela fusão perfeita de sons e culturas.
Ele conhecia pouco a banda, superficialmente, até achava legal o som dos caras, mas a verdade é que tinha ido mais por causa dela mesmo, ela gostava tanto e qualquer lugar com ela lhe parecia agradável, ou no mínimo suportável.
O som rolando, as luzes piscando, a galera toda cantando. Tinha um cara se contorcendo feito doido no meio do palco, ah sim, era o vocalista!
Ela dançava e volta e meia virava pra abraçar ele. Ele, que não era bobo, lhe lascava um beijo e ela, que não era besta, adorava.
Ela dançava e volta e meia, ops, pisava no pé dele. Ah, bobeira, ele sabia do desastre ambulante que ela era e até achava bonitinho, só não quando ela dava socos na cara dele, mas isso em outros shows, não nesse.
Volta e meia apareciam uns caras com um black power e paravam bem na frente deles, que ótimo! Mas eles saíam rapinho, a visão dali não deveria ter lhes agradado, sei lá.
E lá estavam eles, imperceptíveis no meio da multidão, tão imperceptíveis que ninguém notou que entre uma música e um abraço surgiu um sussurro: "te amo!". Um 'te amo' tão sincero e sem pretenção de ser mais que um sentimento que saiu direto da boca dele pro ouvido dela, assim em linha reta, sem nenhum desvio pelo caminho. A música ficou suave e todos desapareceram. Ela sorriu, o abraçou mais forte, o mais forte que podia, e lhe deu um beijo no pescoço.
Se pudesse ela pararia naquele momento, o revivia. Mas ela só pode relembrar e sendo assim ela relembra várias vezes que é pra sentir toda aquela sensação boa de novo e pra nunca esquecê-lo. Um momento tão lindo assim, é até pecado ser esquecido.

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