12.5.13

Sai, silêncio.

Eu queria dizer bem mais do que tenho dito. Eu queria jogar as palavras na mesa, publicá-las no outdoor. Estou engasgada. Na ânsia de dizer, fico calada. Guardo no pensamento e tranco com um cadeado o qual nem a chave eu tenho. Eu queria dizer mais, vomitar os sentimentos. Eu os contenho. Do amor ao ódio. Os silencio em mim.

Se escrevia com constância, já não faço mais. Não por falta de tentativa ou vontade. As frases andam soltas na cabeça, em um trânsito caótico, esbarram umas nas outras, se misturam. Mas quando paro em frente à folha em branco, elas param, brincam de estátua. Alguma energia cósmica as congelam. Ou algum transtorno psicológico, um bloqueio criado por mim mesma. Ou, quem sabe, medo de julgamento externo, o que é bem possível.

Muitos me buscam nas minhas palavras. Me leem por meio delas. Os pobres termos, que são apenas conjunto de sons articulados, de uma ou mais sílabas, ficam sobrecarregados de significação. É muita responsabilidade para desabafos publicados sem edição de alguém capacitado. E outra: não se edita sentimentos. Apenas se escancara ou se guarda em segredo.

Tenho preferido esconder os meus. E já erro ao dizer aqui, publicamente, que os guardo. Mas prefiro dessa forma. Quero falar das coisas bonitas que sinto sem me importar demasiadamente com quem está lendo, se isso os fará feliz ou tristes. Já as coisas feias, um dia precisarei escrevê-las. Dos sofrimentos alheios. Das coisas que não consigo aceitar. Até os meus próprios pecados. Já não há lata de lixo suficiente para tanta sujeira que acumulo na lembrança.

Por ora, apenas preciso dizer que ando guardando palavras. E com elas, sentimentos e conclusões. Logo me retiro desse voto de silêncio involuntário e deixo essa agonia secreta se esvair, virar poeira, sumir no vento e só.

Nenhum comentário:

Postar um comentário