27.5.13

Dos pais.

Como os vejo: amor e vida. Foto: Jéssica Raphaela

Ok, pais são pais. Têm o atributo básico de perturbar. De repetir a mesma orientação no mínimo dez vezes consecutivas. Os meus não são diferente disso. Ao contrário, são doutores, especialistas. Mas de uns tempos para cá, percebo quanta razão eles têm.

Quando Edilsa diz para eu não fazer algo, porque vai dar errado, ela, quase sempre, está certa. Eu, desobediente, faço. Lá está o errado me esperando. "Eu avisei, bichinha véa teimosa", ela se gaba. Essa paraibana que tem tanta dificuldade em demonstrar carinho. Essa mulher que me irrita como ninguém, e que me ensina como é preciso aceitar as pessoas como elas são, cada uma com suas limitações.

Levei 20 anos para começar a entendê-la, para começar a perceber o evidente amor discreto. Minha mãe não é uma mãe óbvia. Foi difícil lidar com isso a vida toda e vou dizer, ainda não é fácil. Mas assim como ela, todo o resto do mundo é complicado, é duro e seco por fora. Por dentro, no entanto, é amor, assim, puro e simples. Com ela, aprendi a enxergar melhor isso.

Já o Zé é pai de nascença. Veio ao mundo com essa função e faz jus à atribuição que Deus lhe deu. Eu lembro dele, todos os dias, indo dar o beijo de boa noite. Lembro dele às madrugadas no meu quarto, espantando os fantasmas dos meus medos. Lembro dele no tapete da sala brincando de ser criança com os três filhos.

Hoje o vejo fazendo o mesmo com os netos e sinto que ele vai ser assim a vida toda, uma eterna criança. E, Deus, como tenho orgulho disso! Meu pai me ensinou o que é ser íntegro, o que é ser humilde. E também me mostrou que a vida é leve, engraçada, que a seriedade é uma ilusão.

Engraçado como, depois de uma certa independência, criei um vínculo forte com eles. Quando não estão por perto, a vida desorganiza. Talvez seja essa a razão que os faz reforçar tantas vezes as orientações. É só eles se afastarem que eu as perco de vista. Que fiquem aqui, no espaço que é deles, e que só eles podem ocupar.

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