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Não estava triste, de fato. O problema todo é que se via obrigada a viver momentos que não queria. Ela não desejara aquela quarta-feira. Até se arriscaria a perdê-la, mesmo que se arrependesse lá na frente quando os dias decidissem ficar escassos. Assumiria o risco. Ela queria pular o tempo, dormir. Sinceramente, não via motivos fortes o suficiente para vestir sua fantasia de boa pessoa e andar por aí. Preferia o pijama de 'me deixe em paz'. Combinava mais com a desvontade dessa quarta-feira despropositada.
N'algum momento, entre a consciência e sono profundo, lembrou-se do tempo em que a vida lhe sorria em pleno meio da semana, quando a gangorra se equilibra e parece não inclinar nem para cima, nem para baixo. Lembrou-se que a motivação lhe vinha espontaneamente. Lembrou-se de como era estar apaixonada. Sentir que a vida de outra pessoa lhe dava ânimo para encarar os momentos mais indesejáveis, só pela expectativa do instante seguinte, do abraço seguinte, do beijo que estava por vir.
E foi assim, no meio de um monte de desvontades, que sentiu vontade de estar apaixonada. Ótimo momento para ter essa constatação! Levantou-se para encarar logo o mundo. E quer saber? Uma quarta-feira nunca foi tão dificultada assim.
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