19.12.12

Desvontades.

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Era a manhã de uma quarta-feira qualquer e ela amanheceu cheia de desvontades. A euforia era enorme na ânsia de continuar na cama e não encarar o mundo. Queria apenas se esconder debaixo do cobertor. Vai que a vida  nem notou seu despertar e segue as horas sem exigir sua presença. Queria desfalecer novamente, em um sonho preto, sem história, sem memória.

Não estava triste, de fato. O problema todo é que se via obrigada a viver momentos que não queria. Ela não desejara aquela quarta-feira. Até se arriscaria a perdê-la, mesmo que se arrependesse lá na frente quando os dias decidissem ficar escassos. Assumiria o risco. Ela queria pular o tempo, dormir. Sinceramente, não via motivos fortes o suficiente para vestir sua fantasia de boa pessoa e andar por aí. Preferia o pijama de 'me deixe em paz'. Combinava mais com a desvontade dessa quarta-feira despropositada.

N'algum momento, entre a consciência e sono profundo, lembrou-se do tempo em que a vida lhe sorria em pleno meio da semana, quando a gangorra se equilibra e parece não inclinar nem para cima, nem para baixo. Lembrou-se que a motivação lhe vinha espontaneamente. Lembrou-se de como era estar apaixonada. Sentir que a vida de outra pessoa lhe dava ânimo para encarar os momentos mais indesejáveis, só pela expectativa do instante seguinte, do abraço seguinte, do beijo que estava por vir.

E foi assim, no meio de um monte de desvontades, que sentiu vontade de estar apaixonada. Ótimo momento para ter essa constatação! Levantou-se para encarar logo o mundo. E quer saber? Uma quarta-feira nunca foi tão dificultada assim.

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