Foto: Jéssica Raphaela |
21.12.12
19.12.12
Desvontades.
![]() |
weheartit.com |
Não estava triste, de fato. O problema todo é que se via obrigada a viver momentos que não queria. Ela não desejara aquela quarta-feira. Até se arriscaria a perdê-la, mesmo que se arrependesse lá na frente quando os dias decidissem ficar escassos. Assumiria o risco. Ela queria pular o tempo, dormir. Sinceramente, não via motivos fortes o suficiente para vestir sua fantasia de boa pessoa e andar por aí. Preferia o pijama de 'me deixe em paz'. Combinava mais com a desvontade dessa quarta-feira despropositada.
N'algum momento, entre a consciência e sono profundo, lembrou-se do tempo em que a vida lhe sorria em pleno meio da semana, quando a gangorra se equilibra e parece não inclinar nem para cima, nem para baixo. Lembrou-se que a motivação lhe vinha espontaneamente. Lembrou-se de como era estar apaixonada. Sentir que a vida de outra pessoa lhe dava ânimo para encarar os momentos mais indesejáveis, só pela expectativa do instante seguinte, do abraço seguinte, do beijo que estava por vir.
E foi assim, no meio de um monte de desvontades, que sentiu vontade de estar apaixonada. Ótimo momento para ter essa constatação! Levantou-se para encarar logo o mundo. E quer saber? Uma quarta-feira nunca foi tão dificultada assim.
17.12.12
Textos inacabados
Sou um livro de textos inacabados.
Começo um parágrafo, no meio tenho ideia para o próximo. Paro, pulo a linha e torno a escrever. As ideias são muitas. As contradições, tantas. Os paradoxos, inúmeros. Mas ainda assim, escrevo sem parar. Talvez, por não saber terminar. Talvez, por medo de tirar a caneta da mão. E se não houver mais letras no caderno? Acho que morro.
Reviso os textos, releio. Risco as contradições. Busco finais grandiosos, surpreendentes. Escrevo alternativas, mas nenhuma me parece boa o suficiente. Me reescrevo neste livro que sou e, a cada texto, me torno um pouco mais de mim.
Sou esse livro formado por textos sem fim.
10.12.12
Cadê a luz?
Te busco. É tarde, a luz caiu mais cedo esta noite. Eu não enxergo bem, uso óculos desde os 12 anos e, quando a iluminação é pouca, fica difícil ver.
Lembro, no entanto, que também estava escuro quando te conheci. Te busquei no meio de vários rostos e te encontrei facilmente, como se toda a luz do local se concentrasse apenas em você. Estava escuro, mas você era claro comigo.
Quem apertou o interruptor? Quando anoiteceu?
A luz caiu mais cedo esta noite. Ainda não deveria ter escurecido. Já não importa. Não te procuro mais.
4.12.12
Assinar:
Postagens (Atom)