Estou no meio da multidão, braços cruzados, boca fechada, sorriso acanhado. Me esforço por espaço, pra mim e pra ela, a solidão.
Estou com os amigos, sorriso sincero, voz abafada, mal estar, fico deitada. Me abraça, a solidão.
Estou em casa, portas fechadas, música alta, vozes lá fora, lágrimas aqui dentro. Seca meu rosto, a solidão.
Eu no cinema, eu no meu carro, eu de mãos dadas.
É sempre ela, a solidão, que me ampara. Debocha de mim dizendo: "olha você sozinha de novo". Me prova que, no fim das contas, estamos só eu e ela, pois os outros não se importam mesmo.
Me faz companhia, que contradição. A única que não me abandona: a solidão.