12.3.13

Me sou.

Não sou desinibida. Tenho problemas de sociabilização, nada grave, mas eles existem e me afastam de bons momentos com pessoas. Se me cobrei ter amigos a vida inteira, hoje me dou ao luxo de ficar sozinha. Mas a verdade é que não me sinto constantemente confortável.

Deparo-me com o mesmo sentimento infantil de quem não arranjou um melhor amigo na primeira semana de aula. Cultivo o comportamento adolescente e rebelde de quem senta no canto-fundo da sala para observar todos e não ser observada por ninguém. Me sou, assim, de um jeito que me irrito às vezes.

Sou espectadora da felicidade alheia. A minha, guardo contida e dou como um tesouro para quem a quer compartilhar comigo. Me sou, secreta, sem balbúrdia e alvoroço. Me sou com os poucos que me abraçam. Sou os abraços que me faltam, da amiga que preferiu me abandonar pelo novo namorado. Nem era uma competição, era eu e ele, não eu ou ele. Gosto de soma, mesmo não sendo boa em matemática. Somar alegrias me parece bom.

Sou a saudade das ligações sem objetivo, 'só para saber como você está' e das 'só para mandar um beijo'. Não entendo a mágica que acontece, o beijo percorre os cabos telefônicos e estala na bochecha. Faz tempo que essa magia não acontece. Me sou na vontade de ter meus pais como companhia, vontade nova, que me remete ao tempo que me sentia insegura ao não tê-los ao alcance da vista. Sou de novo aquela criança chorando no meio do supermercado, sem saber que a mãe está ali, logo no corredor vizinho, escolhendo o saco de arroz para os almoços do mês.

Dos potenciais amores que vêm e vão, nenhum fica, nenhum amadurece. O que permanece é o sentimento que nasceu aos 16 anos, quando gostar era fácil, quando amar era suficiente. Esse é o tal do amor para a vida toda, que não se atreve a me deixar sozinha no mundo, nunca.


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