18.9.12

Contraluz.



Na contraluz, só se vê a silhueta. Gosto da imagem. Fotografo bem com os olhos o que me parece bonito no mundo. Mas a imagem de alguém caminhando contra a luz me deixa a dúvida. O caminhar vem ou vai? Nos passos do indivíduo, há apenas o movimento. Pernas se cruzam, braços balançam, mas a direção é incerta. Sem rosto é difícil saber qual a frente, qual atrás. Vindo, indo? Não se sabe. Aí está a graça, o mistério. E a mente sempre aposta consigo mesma para descobrir a resposta.

Há pessoas que caminham assim na nossa vida, na contraluz. A gente não sabe se ela anda na nossa direção, ou se vai no sentido oposto. Se aproxima? Se afasta? Está perto? Está longe? Não há como deduzir, até que, num momento mágico, a certeza surge. Fica óbvio quando percebemos que o tamanho da pessoa se torna evidente. Maior do que antes, perto. Menor, longe. E aí nem precisamos especificar se o tamanho é físico ou se é sentimental, já que na maior parte do tempo eles são diretamente proporcionais. O problema é que pode ser tarde demais. É muita ilusão de óptica e, com ela, muita expectativa no olhar.

Não sei bem se há graça neste caso. Achamos que a pessoa está vindo, quando, na verdade, já se foi. Mas, assim como na contraluz, a mente brinca e faz suas apostas. O coração, que é bobo, cede ao jogo de azar. É uma pena que quase sempre perde.

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