6.8.12

Pedro e a solidão de Marina.

- Talvez você esteja certo. A solidão é o meu lugar.

Marina pegou a bolsa em cima do sofá e fechou a porta. Depois de tanta briga, de tantas palavras amargas e secas, ela soltou sua última frase em um tom suave, quase sereno. Pedro já não a entendia há muito. Já não a aceitava. E ela não compreendia o fato dele ainda estar com ela, mesmo com tanto julgamento e desaprovação.

Ter companhia. Não ter. Ser feliz. Não ser. A montanha russa de sentimentos era repetitiva e previsível. Mas de uns tempos pra cá, o pico já não era tão alto. A descida, sim, estava cada vez mais ingrime, e sem freio.

Pedro já não segurava sua mão pelo caminho. Era só que ela andava. Ela fingiu que não significou nada, mas todos os dias durante o café da manhã relembrava as palavras ditas pelo rapaz num dia qualquer de fúria. "Eu estou do seu lado. Mas você merece a solidão".

Marina bateu a porta e Pedro ficou inerte, quase paralisado. Marina foi embora. Pedro é quem ficou só. Andaram durante um bom tempo pela cidade em busca de Marina, ele e a solidão.

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