1.5.08

Jazz, Vinho e Sentimentos.

Chegou em casa depois de um dia cheio. Já era tarde e ela só queria a segurança da sua casa.
Jogou a bolsa no sofá, tirou os sapatos e foi até a velha vitrola herdada do avô. Pegou um disco de jazz, tirou-o da capa e colocou-o na vitrola. Depois de um breve chiado sentiu a música ecoando pelo interior do apartamento, foi tomada por uma sensação de nostalgía.
Foi à cozinha e pegou uma taça de vinho doce e voltou à sala, sentou no sofá, deu um gole e então começou a chorar, um choro suave, sem dor. Fechou os olhos e viu sua antiga casa, tão distante, tão colorida; viu a mãe na cozinha e o pai no quintal, o irmão andando de bicicleta na rua. Essa imagem tão corriqueira nunca se mostrou tão significante para ela. Abriu os olhos e se perguntou o que a fez querer sair de lá, daquele tempo, daquele lugar.
Tomou um gole do vinho e respirou fundo, não queria se arrepender, estava longe mas havia conseguido tudo que antes era desejo. Devia se sentir feliz por estar em outro país, ter o emprego de seus sonhos, um apartamento e a moto que tanto queria. Mas a solidão daquele momento não a deixava se sentir assim. Os amigos estavam em casa, com suas família e seus outros amigos. Ela estava em sua casa, com sua vitrola e seu copo de vinho.
Levantou e foi até a varanda. Era um apartamento no 11º andar. A visão que se tinha ali daquela cidade era inquestionávelmente linda. E olhando pra ela, sorriu, um sorriso suave, ligeiramente contente. Percebeu o motivo de querer tanto estar ali.
Entrou, fechou a cortina, deitou no sofá e, sem perceber, durmiu. A música ecoava pelo apartamento, ecoava pela cidade e os mútiplos sentimentos causados por aquela melodia dançavam, todos em perfeita harmonia.

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