7.10.07

3ª pessoa do singular


Ela sempre andou sem ter pra onde andar. Sempre procurou sem saber o que procurar. Nunca desejou ter muita coisa, só amigos e um amor. Ela nunca soube o que fazer com a sua vida, por isso não fazia nada em especial, apenas vivia, cada momento de uma vez, prestando muita atenção nas cores, nos sons, nos cheiros, porque ela sabia que nada iria se repitir.
Respeitava seus medos, mas as vezes até tentava convencê-los, educadamente, a trocar de lugar com a coragem que era pra ela poder se arriscar um pouco mais.
Tinha horas que via o mundo como algo mágico, de tão lindo que ele se mostrava pra ela. E tinha horas que não se sentia parte do mundo, de tão feio que as pessoas o fizeram.
Se sentia sozinha algumas vezes por mês, se sentia realmente feliz algumas vezes por mês, se sentia bonita algumas vezes por mês. Poucas vezes esteve completamente satisfeita com sua vida. Mas isso não quer dizer que se achasse só, feia, infeliz ou insatisfeita. Isso variava de dia pra dia.
Procurava não planejar demais ou definir as coisas. Isso pra não criar tanta expectativa nem decepções. E pra que as surpresas fossem realmente surpresas, que graça teria se tudo na vida fosse planejado?
É assim que ela é. Querendo ou não. Gostando ou não.

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